20 junho, 2012

POTENCIALIDADES DO GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL: Principais subprodutos


1.      INTRODUÇÃO


O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta elevada importância, pois produz óleo de boa qualidade e alto valor nutricional como alimento funcional tanto para a alimentação humana, quanto de ruminantes, suínos e aves (VILLABALDA, 2008). Segundo Fagundes (2002), a planta está entre as cinco maiores culturas oleaginosas produtoras de óleo vegetal comestível (6,5% da produção mundial de oleaginosas na safra 2001/2002), ficando atrás apenas da soja (56,8% do total), do algodão (11,3% do total), da colza (11,1% do total) e do amendoim (10,23% do total).
O girassol é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista agronômico, tais como: ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo, o que o qualifica como uma boa opção aos produtores brasileiros, esta possibilidade deverá ser aumentada com a recente decisão do governo federal em se utilizar o biodiesel na matriz energética, por meio de sua adição ao óleo diesel comercializado (SILVA et al., 2007). O óleo de girassol poderá ser uma alternativa viável para a obtenção do biodiesel para uso em motores estacionários, máquinas agrícolas e veículos automotores e com a grande vantagem de não poluir o ambiente. No entanto, o óleo de girassol é utilizado, principalmente, como óleo comestível, visto que o mesmo é de excelente qualidade industrial e nutricional (CASTRO et al., 1996).
Sendo assim, sob a ótica da grande funcionalidade do girassol para o homem e para os animais, o objetivo desse trabalho é listar os principais subprodutos do girassol para alimentação animal apresentados na literatura, discutindo sobre o seu uso e comparando com outras fontes nutricionais.


2.      SUBPRODUTOS DE GIRASSOL


A alimentação animal com subprodutos tipicamente na forma de resíduos de colheitas tem sido praticada há muitos anos. Atualmente, a maioria dos subprodutos utilizados na alimentação de ruminantes é resultante do processamento da indústria alimentícia e têxtil, sendo a sua importância em regiões próximas a essas indústrias e quando o suprimento de grãos está baixo ou seus preços elevados (GRASSER et al., 1995).
Por outro lado, com a política dos biocombustíveis pode-se esperar uma maior quantidade de subprodutos para a alimentação animal; desta forma, o aproveitamento destes subprodutos assume um papel economicamente importante, devido ao grande volume disponível, assim como a versatilidade de sua utilização, basicamente sob a forma de insumos para a alimentação animal (RODRIGUEZ et al., 2009).


2.1. Silagem de girassol


Define-se silagem como sendo o produto resultante da fermentação da planta forrageira na ausência de ar, finamente picada e acondicionada rapidamente em estrutura de armazenagem.
Em média, os diferentes genótipos de girassol têm produzido silagens com bom padrão de fermentação. O teor de matéria seca (MS) gira em torno de 26% para cortes com plantas apresentando cerca de 90% dos grãos maduros. E por influência de pH mais altos, quando comparado ao silo de milho ou de sorgo, resulta em maiores teores protéicos do girassol. (GONÇALVES et al., 2000).
Segundo Ribeiro et al. (2002) a silagem de girassol, como mecanismo para a redução de custos e garantia de maiores benefícios na alimentação de rebanhos vem adquirindo condição de destaque como nova opção adotada por pecuaristas. Segundo os autores, ovelhas submetidas a 70 dias de confinamento recebendo como fonte volumosa a silagem de girassol, pesaram em média 9% e 12% a mais (P<0,05) do que ovelhas que receberam silagens de milho e sorgo, respectivamente. O ganho de peso diário foi em média 34% maior (P<0,01) para as ovelhas que receberam silagem de girassol do que para as ovelhas que receberam as outras silagens.
O consumo das dietas contendo silagem de girassol é alto na maioria dos relatos de literatura (GONÇALVES et al., 2000), sendo um produto de ótima palatabilidade e bem aceito pelos animais. Em relação ao valor nutritivo quando comparada à silagem de milho, ou de sorgo, normalmente observa-se maior teor protéico e de extrato etéreo para silagem de girassol, como os teores de 9,51%, 18,06% e 37,75% de proteína bruta (PB), extra etéreo (EE) e fibra detergente neutro (FDN) respectivamente, encontrados na silagem da cultivar M737 (GONÇALVES et al., 2000).
Para bovinos leiteiros a substituição parcial de silagem de milho por silagem de girassol não afetou as produções de leite, gordura ou proteína (SILVA et al., 2004).
Já Ribeiro et al (2002), diz que o uso da silagem de girassol como fonte única de volumosos pode ser uma ótima opção para a engorda de ovinos, pois ovelhas alimentadas com esta silagem apresentaram maiores ganhos de peso e rendimentos de carcaça do que ovelhas alimentadas com silagens de milho e sorgo.
Mizubuti et al (2002), encontraram coeficientes similares de digestibilidade aparente da MS, FDN e PB entre as silagens de girassol e de milho, entretanto, o da fibra de detergente ácido (FDA) foi maior para a silagem de milho e  do EE, maior para  a silagem de girassol. Já Gonçalves et al. (2002), observaram que as proporções das frações fibrosas e o mais alto teor de extrato etéreo da silagem de girassol resultam, em média, em valores de digestibilidade in vitro inferiores aos da silagem de milho.
Por fim, Mello & Nörnberg (2004) reafirmam que as silagens de girassol apresentam maiores valores proteicos que as silagem de sorgo e milho, refletindo-se em todas frações constituintes, mas com percentuais semelhantes.


2.2. Farelo de girassol


O farelo de girassol é um coproduto da indústria de óleos vegetais, resultante da extração mecânica ou por solventes orgânicos de sementes de girassol (PIGHNELLII et al., 2007). É caracterizado como um concentrado protéico de boa qualidade capaz de compor as rações de diferentes espécies animais, podendo ser encontrado na forma moída, flocada ou peletizada. (STRINGHINI et al., 2000).
Stringhini et al. (2000), mostraram que para frangos um fator negativo do farelo de girassol é a presença de alto teor de fibra e baixos níveis de lisina. Sendo assim, para fazer parte da alimentação de frangos, o ideal é que o farelo de girassol fosse pobre em fibra, peletizado para facilitar a sua armazenagem pela baixa densidade, testado quanto à solubilidade da proteína e, quando misturado nas dietas, suplementado com óleo, lisina e, quando necessário, enzimas, devido à alta quantidade de polissacarídios não amiláceos. Furlan et al. (2001) recomendam a substituição da proteína do farelo de soja pela proteína do farelo de girassol até o nível de 30%, o que corresponde a cerca de 15% de inclusão de farelo de girassol nas rações.
Para suínos a inclusão de até 21% de farelo de girassol nas dietas de leitões em crescimento e terminação, em substituição parcial ao milho e ao farelo de soja, não influenciou as características de desempenho e de carcaça (SILVA et al., 2002).
Garcia et al. (2004), estudaram os efeitos dos níveis de 0%, 15%, 30% e 45% de farelo de girassol nos concentrados de bovinos da raça Holandesa em fase de crescimento, sobre as digestibilidades aparentes da MS, PB, EE, do extrato não-nitrogenado (ENN), FB, FDN e da FDA. Concluíram que até o nível de 45% no concentrado de bovinos, não afeta o aproveitamento da MS e dos nutrientes da dieta ingeridos pelos animais e, consequentemente não influenciou o consumo e o ganho de peso de bovinos leiteiros em crescimento.
Entretanto, o farelo de girassol proporcionou menor ritmo de crescimento e características de carcaça inferiores, quando fornecido para cordeiros Santa Inês em confinamento, substituindo 50% e 100% do farelo de soja (LOUVADINI et al., 2007).
Tavernari et al. (2008) concluem que o farelo de girassol apresenta grande variação em sua composição em diversos artigos científicos e tabelas de composição dos alimentos, porém, sua inclusão em rações  para frangos é limitada devido ao seu alto teor de fibra, baixa energia metabolizável e custo, uma vez que para incluir este alimento em dietas é necessário a suplementação com óleo e lisina.


2.3. Torta de girassol


Os grãos de girassol são esmagados inteiros, com ou sem cascas e à temperatura ambiente e não passam por nenhum cozimento prévio, ou outro processo para obtenção da torta.  Após o processo de esmagamento e extração do óleo, obtém-se rendimento médio de 400 kg de óleo, 250 kg de casca e 350 kg de torta (OLIVEIRA & CÁCERES, 2005).
A torta de girassol mostra-se ser um ingrediente de caráter protéico passível de ser incorporado às rações de frangos de corte nos últimos seis dias anterior ao abate (fase final de crescimento), sob níveis de até 12% de inclusão (FONSECA et al., 2007). Pois, Pinheiro et al. (2002) observaram que para o nível máximo de inclusão de 12% de farelo de girassol, os frangos de corte não apresentaram prejuízos no desempenho. Sendo assim é necessário, registrar que no grão e nos subprodutos de extração do óleo (torta e farelo), os níveis de lisina são mais baixos em relação ao farelo de soja, exigindo sua suplementação na ração (SILVA & PINHEIRO, 2006).
Pode ser utilizada em rações para suínos nas fases de crescimento e terminação em até 15% de substituição ao milho e farelo de soja, por proporcionar os mesmos índices de desempenho e características de carcaça, com melhores custos (COSTA et al., 2005).
De acordo com Pereira et al. (2011), a utilização de torta de girassol é uma alternativa na alimentação de vacas  em lactação, contudo não altera a eficiência de síntese de proteína microbiana, a produção e o perfil de ácidos graxos do leite. Já Santos et al. (2009) afirmam que a inclusão de torta de girassol na dieta de vacas leiteiras manteve o mesmo consumo de matéria seca e a produção e composição do leite, mostrando ser uma fonte potencial na dieta de vacas leiteiras.
Para bovino de corte, Lima (2011), trabalhando com níveis de 00; 20; 40 e 60% de torta de girassol em substituição ao farelo de soja para alimentação de bovinos a pasto, concluiu que em até 60% de substituição, a torta de girassol não altera o consumo de forragem e de matéria seca total, e os parâmetros ruminais dos animais.
Segundo Agy et al. (2009), a torta de girassol pode substituir, em até 100% o farelo de soja na dieta de caprinos ½ sangue Boer sem a diminuição do consumo da Matéria seca.
Oliveira et al. (2007), analisaram a digestibilidade in vitro da matéria seca e da proteína bruta da torta de girassol e encontraram os valores de 85,09% e 71,62% respectivamente no tratamento com maior nível de substituição do farelo de soja pela torta de girassol (50%). Já Silva, (2004) considera a torta de girassol como alimento concentrado protéico (> 20% PB), com proteína de alta degradabilidade ruminal (>90%), em lipídeos insaturados (17 ± 10% EE) e em fibra (35% ± 5% FDN).
Por fim, a escolha da torta mais adequada está relacionada com as características socioeconômicas da região, à presença de uma indústria de biodiesel próxima as áreas produtoras de girassol, às oportunidades de mercado (venda ou utilização direta da torta nas rações), entre outras (CHUNG et al., 2009).


3.      CONSIDERAÇÕES FINAIS


O uso do girassol e seus subprodutos na alimentação animal são de suma importância, tendo em vista seu caráter versátil e nutritivo. A utilização da silagem do girassol é uma boa forma de armazenar alimento de qualidade para animais como bovino, caprinos e ovinos. O farelo de girassol em face de suas várias formas, tanto moída, como flocada ou peletizada pode ser usada na alimentação de diversas categorias animais. Por fim, a torta de girassol também é usada para diversas culturas e aparece como boa forma de aproveitamento dos resíduos deixado pela extração do óleo,também vale salientar que existe uma ampla variedade para o uso do girassol e de seus subprodutos na alimentação animal, sendo que a escolha do produto mais adequado vai depender de fatores, como qual categoria de criação animal será utilizada, qual disponibilidade do produto na região, mão-de-obra necessária, recurso financeiro disponível entre outras.


4.      REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Leonardo Eufrázio Soares*
*UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PÓS GRADUANDO EM MANEJO SUSTENTÁVEL NO SEMIÁRIDO
E-mail: leonardozootecnia@hotmail.com


11 junho, 2012

Biodigestor Tipo Indiano




1. INTRODUÇÃO


Na tentativa de solucionar problemas referentes à energia, países de todo o mundo buscam novas tecnologias com objetivo de obter energia de forma renovável, sustentável, menos poluente, mais adequada à matriz energética e, principalmente, que diminua a necessidade de usar energias fósseis. A biomassa aparece nesse cenário como a mais velha energia renovável usada pelo homem e como a melhor alternativa para enfrentar os problemas futuros de falta de energia (CORTEZ et al, 2008).

O biogás e o biofertilizante permitem aumento da produção agrícola e a transformação dos produtos tradicionais rurais, agregando valor, organizando a produção, aumentando a conservação dos produtos e melhorando a logística de comercialização para os agricultores familiares. (QUADROS et al, 2010).


1.1.Biodigestor


O biodigestor é um sistema destinado a criar condições propícias para que um grupo especial de bactérias, as metanogênicas, degrade o material orgânico, com a consequente liberação do gás metano (BARRERA, 1993), assim, converte o esterco “in natura”, em duas bases para o desenvolvimento sustentável: energia renovável (biogás) e biofertilizante (QUADROS et al, 2009). Segundo Deganutti et al (2002) o material orgânico, em solução aquosa, sofre decomposição, gerando o biogás que irá se acumular na parte superior da referida câmara.

De acordo com Dorian & Linn (1979), o manejo inadequado desses dejetos, os quais são ricos em matéria orgânica e agentes patogênicos, pode ser responsável pela poluição de águas superficiais e subterrâneas, devido ao carreamento desse material pela ação das chuvas.

Existem diversos modelos de biodigestores, podendo destacar o Chinês, o Indiano, o de manta de laminado de PVC (cloreto de polivinila) também chamado de Canadense, outros ainda mais complexos construídos nas usinas de biogás principalmente na Europa e outros mais simples como alguns caseiros (BARRERA, 1993).


1.1.1. Biodigestor modelo indiano


Fonte: Biodigestor Sertanejo ( Dom Helder).
O biodigestor a ser instalado será do tipo indiano, modelo mais difundido no Brasil (ANDRADE et al, 2002).

Este modelo de biodigestor caracteriza-se por possuir uma campânula como gasômetro, a qual pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação, ou em um selo d’água externo, e uma parede central que divide o tanque de fermentação em duas câmaras. A função da parede divisória faz com que o material circule por todo o interior da câmara de fermentação (DEGANUTTI et al, 2002).

Segundo Lucas Junior & Souza (2009), os principais componentes de um biodigestor modelo indiano são:

a) Caixa de carga (local de diluição dos dejetos);

b) Tubo de carga (condutor dos dejetos diluídos da caixa de carga para o interior do biodigestor);

c) Câmara de biodigestão cilíndrica (local onde ocorre a fermentação anaeróbia com produção de biogás);

d) Gasômetro (local para armazenar o biogás produzido formado por campânula que se movimenta para cima e para baixo);

e) Tubo-guia (guia o gasômetro quando este se movimenta para cima e para baixo);

f) Tubo de descarga (condutor para saída do material fermentado sólido e líquido);

g) Caixa ou canaleta de descarga (local de recebimento do material fermentado sólido e líquido);

h) Saída de biogás (dispositivo que permite a saída do biogás produzido para ser encaminhado para os pontos de consumo).


1.2.Biogás


Um dos produtos resultantes do processo que ocorre dentro do biodigestor é o chamado biogás. Também chamado de gobar gás ou gás dos pântanos, o biogás é uma mistura de gases, com predominância de metano (CH4) e gás carbônico (CO2). Também fazem parte dessa mistura o nitrogênio, o oxigênio, o hidrogênio e o gás sulfídrico (H2S). O sulfeto de hidrogênio (H2S), como também é chamado, é o gás que dá o odor pútrido característico do biogás (RANZI & ANDRADE, 2004).

O principal componente do biogás é o metano representando cerca de 60 a 80% na composição do total de mistura (PECORA, 2006)

Ainda, segundo Souza et al (1999), o biogás é um combustível gasoso com um conteúdo energético elevado semelhante ao gás natural. Este combustível pode ser utilizado para geração de energia elétrica, térmica ou mecânica em uma propriedade rural. Contribuindo desta forma para redução dos custos de produção.

Durante todos os processos de fabricação do biogás alguns parâmetros sempre devem ser mantidos em condições específicas. Entre os vários fatores que influem na atividade das bactérias como, por exemplo, as metanogênicas, destaca-se a quantidade de matéria seca, a concentração de nutrientes, o pH, a temperatura interna do digestor, o tempo de retenção, a concentração de sólidos voláteis, a relação carbono/nitrogênio, a presença de substâncias tóxicas, entre outros fatores, no interior do biodigestor (COMASTRI FILHO, 1981).


1.3.Biofertilizante


Biofertilizante é o efluente resultante da fermentação anaeróbia da matéria orgânica, na ausência de oxigênio, por um determinado período de tempo. Pode ser utilizado como adubo do solo tanto puro quanto na formação de compostagens (DIESEL et al, 2002).

Após a estabilização da biomassa introduzida no biodigestor, tem-se um efluente maturado, o biofertilizante, considerado um ótimo adubo agrícola devido às suas características químicas, físicas e biológicas, podendo substituir o adubo químico. Desta forma, por estar curado, pode ser aplicado diretamente na lavoura. (RANZI & ANDRADE, 2004).

Segundo Oliver et al (2008), o biofertilizante como qualquer outro composto possui característica especifica como pH (potencial de hidrogênio) em torno de 7,5. Sendo assim, funciona como corretivo de acidez, liberando o fósforo e outros nutrientes para solução do solo. Além disso, o aumento do pH dificulta a multiplicação de fungos patogênicos às culturas, proporcionando grandes melhorias para o solo já que:

a) Os nutrientes do biofertilizante são fáceis de ser absorvido pelo solo e aproveitado na alimentação das plantas;

b) A qualidade e estrutura do solo são melhoradas, e assim as plantas têm mais facilidades de se desenvolver;

c) O solo fica mais resistente a erosão, graças ao melhoramento da agregação das partículas;

d) O biofertilizante aumenta a penetração de ar pelos poros do solo facilitando assim a respiração das raízes;

e) Solos degradados melhoram, já que o mesmo favorece a proliferação de bactérias;

f) A lavoura tem sua produtividade melhorada;

g) O biofertilizante pode estar estável se o biodigestor for manuseado de forma correto, podendo então estar fora de perigo de contaminar o meio ambiente, não vai haver proliferação de moscas e insetos e sem odor desagradável;

h) O mesmo ainda serve de controle de plantas daninhas, não permitindo seu crescimento na lavoura;

i) E por fim diminui o risco de contaminação por coliformes fecais presente no esterco, pois eles são eliminados na fermentação anaeróbica.

Ainda, segundo Santos (1995), tem ainda efeitos fungistáticos, inseticida, repelente, bacteriostático e ação fitormonal.


2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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