Microsilos
O Microsilo é uma ferramenta tecnológica de
fácil acesso para o pequeno produtor da caprinovinocultura que busca
alternativas de armazenar a forragem em silos pequenos, ou seja, é a forrageira
fermentada, na ausência de ar, que traz benefício ao pequeno produtor, por este
poder armazenar o volumoso para ser fornecidos aos animais em períodos de
carência. Ótimo para ser usado em regiões semiáridas como o nordeste
brasileiro, pois requer pouca mão-de-obra e baixo custo em sua confecção
garantindo os rendimentos zootécnicos e econômicos da pecuária de
caprinovinocultura em épocas de secas.
Este manual terá como objetivo ensinar passo
a passo, como construir microsilos, o material utilizado e o mais importante,
como o produtor poderá mensurar quanto cada microsilo deve ser feito para alimentar
seu rebanho em um determinado período. Iremos indicar também as principais
forrageiras que podem ser aproveitadas para a silagem, levando em consideração
que se deve ter em mente que devemos aproveitar bem os nossos recursos que é a
nossa caatinga, e por fim este manual demonstrará quanto à qualidade deste
silo, garantindo o sucesso da técnica e o sucesso do nosso pequeno produtor.
Forrageira
A escolha da forrageira vai
depender das condições do local, com clima, topografia, disponibilidade de
forragem, pluviosidade, tipo de exploração, tamanho do rebanho, mão-de-obra,
materiais e capital.
Principais
forrageiras indicadas para silagem no semiárido:
·
Capim-búffel
·
Capim-gramão
·
Capim-andropogon
·
Capim-corrente
·
Capim-elefante
·
Oró
·
Tanzânia
·
Mombaça
·
Milho
·
Milheto
·
Sorgo
Aditivos
Aditivos são substâncias
utilizadas para compor a silagem, a fim de promover um maior valor nutritivo,
acelerar e controlar a fermentação durante o processo de silagem.
Principais
aditivos indicados para silagem no semiárido:
·
Melaço
·
Farelo (trigo, milho, algodão)
·
Vagem de algaroba
·
Espiga de milho moída
·
Raspa de mandioca
·
Uréia
·
Bagaço de caju
Emurchamento
Trata-se de pré-secagem da
forrageira a ser utilizada para silagem, tendo em vista que tal prática
possibilita o aumento do teor de matéria seca e a concentração de carboidratos
solúveis. Um período de exposição ao sol entre 6 e 12 h, é o suficiente para uma
boa silagem.
Principais
tipos de silos
Os
silos mais utilizados para o armazenamento de forragem no Nordeste são o silo,
o silo cincho, o silo de superfície e o trincheira.
Silo cincho
Fonte: Pereira Neto et al.,(2009) |
Esse
tipo de silo é bastante usado por pequenos agricultores, devido à baixa
quantidade de foragem armazenada e por ter menor necessidade de máquinas.
Silo superfície
Fonte: Pereira Neto et al.,(2009)
|
O
silo de superfície possui uma maior capacidade de armazenamento de forragem,
porém o requerimento de máquinas é maior. É indicado para pequenas e médias propriedades.
Silo trincheira
Fonte: Nussio et al., (1999)
|
O
silo tipo trincheira é mais usado em grandes propriedades pela necessidade de
construção rural e maior uso de máquinas.
Silos alternativos
Quando a escala de produção e uso das
silagens é pequena, pode-se considerar alternativas de produção da silagem que
não os silos convencionais de trincheira ou superfície. Contudo, vale lembrar
que os cuidados em relação à picagem, compactação e vedação devem ser os
mesmos.
Tipos
de Microsilos
Podem
ser usados diversos tipos de microsilos entre eles:
· Sacos
plásticos
· Bombonas
· Baldes
· Canos
de PVC
Passo
a passo da ensilagem
1. Utilize um balde de
20kg (margarina).
2. Coloque uma fina
camada de brita no fundo do balde.
3. Coloque a forragem no balde.
4.
Compacte a forragem.
5. Vede
o silo com lona plástica e liga de borracha.
A silagem poderá ser
utilizada após 30 dias no mínimo.
Qualidade da silagem
A
qualidade da silagem está diretamente relacionada à qualidade da forrageira
ensilada. Assim quanto mais rica for a forrageira ensilada, mais nutritiva será
a silagem. A silagem pode conter apenas uma espécie forrageira, ou duas ou mais
espécies no mesmo silo, com o intuito de aumentar a quantidade do material
ensilado, como também melhorar a qualidade final do produto.
Para
saber se a silagem foi bem preparada e tem um bom valor nutritivo, algumas
características podem ser observadas, tais como:
Fonte: Pedroso (2003) |
- Cor
clara, verde-amarelada;
- Cheiro
levemente avinagrado;
- Textura
firme e macia;
- Sabor
ácido.
Fornecimento da silagem para os animais
Fonte:
Gonçalves (2012)
|
A
silagem deve ser oferecida aos animais logo após sua retirada do silo, pois em
contato com o ar, inicia-se o processo de fermentação aeróbica provocando
mudanças na composição, odor e sabor do alimento.
Recomenda-se
o fornecimento de silagem aos ruminantes após o desenvolvimento de seu sistema
digestivo. Silagem com cheiro ruim, escura e com bolor (mofo) não deve ser
fornecida aos animais.
No
início do fornecimento da silagem aos animais, deve ser feita uma adaptação a
esta dieta, pois se trata de um alimento com odor, sabor e composição
diferenciados. Esta adaptação é feita com o fornecimento da silagem junto com o
outro volumoso ou concentrado já fornecido aos animais. A silagem deve ser
fornecida em quantidades crescentes até substituir totalmente o alimento
anterior. Esta adaptação deve durar aproximadamente 15 dias, para que o animal
não sinta a mudança na alimentação.
Referências
GONÇALVES, E. Bovinocultura de corte. Disponível em: http://bovileite.blogspot.com.br/2012/09/manejo-de-vacas-secas.html.
Acesso em: 06 nov. 2012.
NUSSIO, L.
G; PENATI, M. A; DEMARCHI, J. J. A de A. Guia para produção de silagem. Uberlândia, MG, Sementes AGROCERES, 1999.
49 p.
PEDROSO, A.F. Aditivos
químicos e microbianos no controle de perdas e na qualidade de silagem de
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.). 2003. 120 f. Tese (Doutorado) - Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiróz, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
PEREIRA NETO, M.;
MACIEL, F. C.; VASCONCELOS, R.; M. J. Produção
e uso de silagens. Natal: EMPARN, 2009. 30 p. (VI Circuito de tecnologias
adaptadas para a agricultura familiar; 2).
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Material desenvolvido e apresentado como workshop no município de Lajes-RN, pelos alunos do curso de Pós-Graduação em Manejo Sustentável do Semiárido, como pré-requisito de avaliação do módulo "Tecnologias Alimentares Aplicadas a Sistemas Produtivos no Semiárido" ministrada pelos Prof° Valdi Lima.
Discentes: Camila Costa, Elainy Lopes, Felinto Gadêlha e Leonardo Eufrázio